quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cheio e Vazio

Casa Cheia
Casa Vazia
Tiro a poeira dos meses
Assim acordo

Casa Cheia
Casa Vazia
Penso no amanhã
Sinto o hoje

Casa Cheia
Casa Vazia
Sonho acordada
Choro dormindo

Casa Cheia 
Casa Vazia
Penso em você
Mas não te conheço

Casa Cheia
Casa Vazia
História simples
Com curvas fechadas

Casa Cheia
Casa Vazia
Ele nem sabe de mim
E nem vai saber

Casa Cheia
Casa Vazia
Dias contatos
Dias infinitos

Casa Cheia
Casa Vazia
Quero você
Quem é você

Casa Cheia 
Casa Vazia
De solidão
De Amor

Casa Cheia
Casa Vazia
Lágrimas 
Sorrisos

Casa Cheia
Casa Vazia
Exagerei
Ou atenuei

Por fim o que pensar?
A Casa está Cheia?
Ou a Casa está Vazia?

domingo, 26 de agosto de 2012

O tempo!

Como foi duro o tempo!

O tempo longínquo de antes que nem era enumerado
O tempo atual mudou isso
Fez com que ele fosse contado
Fosse relembrado
Fosse digerido
Fosse ruminado

Os dias sem contatos foram preenchidos por outras presenças
A presença da música e da floresta
A música é a preferida
A música negra mais linda, sensual e ofegante

E as quintas continuarão
E as sextas-feiras acabaram
Mas os beijos, os toques e as falas ficaram na memória

Na memória e no desejo de juntos estarmos mais e mais!

domingo, 29 de julho de 2012

Dizeres!!!

Desde os dias passados, não paro de pensar nessas palavras ditas e as que ainda virão.

Foram ditas coisas que nunca esperava, coisas sentidas, coisas que queria ouvir...
Eu quis que tudo parasse, que tudo mudasse, que pudesse ser diferente!
Parece que tem sempre um atraso no meu caminhar!

Sinto-me tão dividida, parece que por fim te conhecerei, contudo não o posso fazê-lo!
Penso no que te dizer, no que me disseste!
O mais importante de tudo, que então dissemos coisas a muito tempo sentidas!

O que quero dizer-te ainda?! Nem sei! Dúvidas!!!

Penso em algo, depois em outra coisa e depois outra! Parece que tudo está certo e errado!

Ahhh você não sabe: dancei para ti!

Uma música de Bob Marley que Lauryn Hill regravou!
Quero cantar isso ao seu ouvido: 
I want to give you some love! I want to give you some good! Chama-se: Turn Your Lights Down Low, ouça!

Penso em te dizer duas coisas principais: que quero estar contigo e que não sei o que vai acontecer...

Tenho medo e quero viver tudo isso!


terça-feira, 26 de junho de 2012

A cama e a melancolia


Dias de falas levam a extrema dor
Dias de falas levam a reflexões
Dias de falas levam as vísceras
Dias de falas levam a pensamentos demasiados

Esses dias levam a pensar no futuro, no inverno e no verão

Dias de falas levam ao ressurgimento
Dias de falas levam ao recriar
Dias de falas levam ao florescer
Dias de falas levam aos sentimentos

O amor pela vida, pelas pessoas e pelas coisas

Dias de falas levam à porta
Dias de falas levam à saída
Dias de falas levam ao sol
E também à chuva

Dores e palpitações, pé e mão, linha e agulha

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O impossível

Viver do impossível 
É viver na resignação da imutabilidade


Viver sem dor
Viver sem verdade
Viver sem profundidade
Viver sem intensidade 


Viver do impossível
É viver paralisado


Viver com amor
Viver com frescor
Viver com cor
Viver com dor


É viver
É ser
É doer


A imensidão do ser 
Na marca da fugacidade
Contudo viver


segunda-feira, 26 de março de 2012

Por Oscar Wilde - Loucos e santos!

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. 
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. 
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. 
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. 
Deles não quero resposta, quero meu avesso. 
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. 
Para isso, só sendo louco. 
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. 
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. 
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. 
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. 
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. 
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. 
Não quero amigos adultos nem chatos. 
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. 
Tenho amigos para saber quem eu sou. 
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril. 

quinta-feira, 22 de março de 2012

A busca

A busca da verdade sempre me foi cara
E por ela mais uma vez
Estou atrás

A verdade crua
Que vislumbra poucos
Que sempre quero

Verdade nem me é muito feliz
Hoje ela é somente o balancete de fim de mês
Que acerta as contas, paga os funcionários, renova o estoque
E que abre-se ao novo

A esperança agora é de recomeço
Solitário e das cinzas
Nem sempre fácil, contudo renascer
É o que é


terça-feira, 20 de março de 2012

Batatas e tomate


A cozinha me deixou ocupada por 5 horas
Foi o tempo de dispersar pensamentos
Sempre coxo, meio manco, fazendo peripécias com minha mente
Que hora me faz rir, hora leva-me a conclusões e razões céticas e duras

Rendo-me à culinária
Dizem-me com espanto:
Como assim?
Não cozinhas?
Como uma mulher com a sua idade não sabe?!

Sei fazer alguns pratos
Poucos, bem sei
Tá certo, tá certo no máximo 4 ou 5
E o espaço doméstico dos temperos e cheiros
Não tem o meu tamanho
Aperta-me o calcanhar e o joanete

Contudo hoje descubro o prazer de dar prazer
Os amigos pedem
E por eles, rendo-me!

Cozinha
Meu lugar - feminino
Tomate seco! Purê de batatas!
Curvo-me, mas não me quebro!



quarta-feira, 14 de março de 2012

Que corpo sou eu?

A dor da rejeição de sempre

Ela me seca
Ela me sufoca
Ela me dilacera

Ela me entorpece
Ela me endoidece
Ela me enraivece

A difícil dor de ser eu mesma

A dor se mistura com medo
Que se transforma em pânico
Que me afasta
Que me entala

Que dor é essa?
Que vida é essa?
Que ser sou eu?

A pílula!

Corpo doído das drogas e do veneno
Peso da culpa e responsabilidade feminina
Pelo dia sofrido e combativo
Sem lenço e sem documentos sigo a cantar

A vida doí
A existência machuca
A intensidade esgota

A rudeza das palavras e a verdade me perseguem
A certeza da dureza da rua espalha minha cara
A faca me corta a carne
Mas a noite divide o dia


quarta-feira, 7 de março de 2012

Dias vazios!

Os dias vazios se opõem aos dias completos
Depois de dias cheios de ti
Vêem os dias sem você
O que há?!

Depois de tudo sempre há a mudança
Sinto-me impulsionada a me questionar: por quê?
Existe o "sempre" em todas as hipóteses?

A certeza e a incerteza de ser e estar
Faz-me pensar: no meu eu!
De pensar em ti
O que há?!

Ah, os sonhos?



terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A espera!

Depois desses anos ainda penso em ti!
Sabes! Nem lembro bem o momento exato que meus olhos se colocaram sobre ti.
Sei que estavas a se apresentar e pensei: Tão latino esse homem.
E que nome era aquele de disseste que me deixou toda atrapalhada?!

Sei que a sala estava cheia e os meus dias também... 
Uns dias especiais e trabalhosos, mesmo assim os deuses nos colocaram a conversar lado a lado...
Dias se passaram, o retorno: então o mar nos chamou ao espetáculo visual, aos frutos das águas e a poesia!
Todos os adereços e trejeitos femininos diziam a você do meu deleitar com toda sua beleza, delicadeza e sua gentiliza...

Contudo meus pensamentos deixam-me atordoada e com intuito de afugentar-me dali
Diante de tanta beleza e novidade, inebrio-me de ti!
Esse descobrir de ti me deixa fatigada, a intensidade marca-me a pele

No outro encontro, dia em que ouvíamos a música vinda nos navios negreiros ao fundo e você cantava música do nosso continente ao pé do ouvido! Naquela noite o tempo parou!
Aventuras pelas ruas e vielas da Cidade; conheço de sua história, concluo: és para mim o objeto de desejo proibido!
Sempre a chegada tardia da vida, parece-me que o atraso faz parte de mim
E diante disso tudo ainda assim te quero!
Ainda a noite dos sonhos: o caminhar das travessias marítimas, a música cigana, a disputa pelo timão, a longa conversa, os contrastes compartilhados, as vidas entrelaçadas pelas ferroadas do escorpião e as chifradas do touro, o cansaço e por fim a despedida.

Ah, a despedida!
A inesperada despedida, eu: cheia de medos do coma e do vinho
A surpresa do beijo!

Que beijo!

Desde esse dia espero por ti!

Que vã espera!
Uma espera de sonho, de ilusão, de fantasia 
Uma espera!

E ainda espero por ti!
Meu coração palpita, a transpiração, a boca seca!

Nem por um momento sabes disso...
Nem me conhecesses...
Sonho em ver-me por ti
Quero ouvir-te 
A dizer tudo que vês!
Quero que me conheças 
Que veja-me por inteiro
Que saiba tudo de mim

Quem sou eu?!
Meus sentimentos?!
Mas quero agora: ler seus pensamentos, sentir sua pele de novo, e de novo, e de novo
Sentir seu cheiro e seu gosto, te sentir!

Nua pra ti: dos Alpes!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A criança (que foi morta a tiros por soldados de Nyanga)

A criança não esta morta
A criança levanta os punhos contra sua mãe
que África gritou gritou o fôlego da liberdade do brejo
nos locais de coração sitiado,
A criança levanta os punhos contra seu pai
numa marcha de gerações
que África gritou gritou o gosto
de justiça e de sangue
A criança não esta morta
nem em Langa nem em Nyanga
nem em Orlando nem em Sharpville
nem na delegacia em Philippi
onde ela se encontra com uma bala na cabeça


A criança é a escuridão do soldado
de guarda com fuzis sarracenos e cassetetes
a criança está presente em todas as assembleias e legislações
a criança olhou através da janela das casas e nos corações das mães
a criança que só queria brincar ao sol de Nyanga está em toda parte
a criança que se cadastrou homem veio andando por toda África
a criança que se cadastrou numa imensa viagem por todo o mundo


Fez sem salvo-conduto

Ingrid Jonker

Como ser

Dor de pensar
Dor de olhar
Dor de agir
Dor de ser


Pois ser eu, dói
Dói de arder
Dói de não me entender
Dói de quer ser


Dói o tempo
Dói a incerteza
Dói o futuro
Dói o que eu quero


domingo, 29 de janeiro de 2012

Couraça

Sem couraça para proteger a vida
Com o levante da dor dos pinheirais
O que vem das canetas, das ordens, da justiça
A certeza do direito garantido

Mas a couraça não protege 
Pois viver não cabe
A lágrima da criança que perdeu seu brinquedo
O medo da vida e da morte

Ser nestes dias a bala de borracha 
Na couraça engolida pela caneta
No domingo sangrento dos pinheirais de São José
A soberania fez valer o poder




sábado, 21 de janeiro de 2012