Depois desses anos ainda penso em ti!
Sabes! Nem lembro bem o momento exato que meus olhos se colocaram sobre ti.
Sei que estavas a se apresentar e pensei: Tão latino esse homem.
E que nome era aquele de disseste que me deixou toda atrapalhada?!
Sei que a sala estava cheia e os meus dias também...
Uns dias especiais e trabalhosos, mesmo assim os deuses nos colocaram a conversar lado a lado...
Dias se passaram, o retorno: então o mar nos chamou ao espetáculo visual, aos frutos das águas e a poesia!
Todos os adereços e trejeitos femininos diziam a você do meu deleitar com toda sua beleza, delicadeza e sua gentiliza...
Contudo meus pensamentos deixam-me atordoada e com intuito de afugentar-me dali
Diante de tanta beleza e novidade, inebrio-me de ti!
Esse descobrir de ti me deixa fatigada, a intensidade marca-me a pele
No outro encontro, dia em que ouvíamos a música vinda nos navios negreiros ao fundo e você cantava música do nosso continente ao pé do ouvido! Naquela noite o tempo parou!
Aventuras pelas ruas e vielas da Cidade; conheço de sua história, concluo: és para mim o objeto de desejo proibido!
Sempre a chegada tardia da vida, parece-me que o atraso faz parte de mim
E diante disso tudo ainda assim te quero!
Ainda a noite dos sonhos: o caminhar das travessias marítimas, a música cigana, a disputa pelo timão, a longa conversa, os contrastes compartilhados, as vidas entrelaçadas pelas ferroadas do escorpião e as chifradas do touro, o cansaço e por fim a despedida.
Ah, a despedida!
A inesperada despedida, eu: cheia de medos do coma e do vinho
A surpresa do beijo!
Que beijo!
Desde esse dia espero por ti!
Que vã espera!
Uma espera de sonho, de ilusão, de fantasia
Uma espera!
E ainda espero por ti!
Meu coração palpita, a transpiração, a boca seca!
Nem por um momento sabes disso...
Nem me conhecesses...
Sonho em ver-me por ti
Quero ouvir-te
Quero ouvir-te
A dizer tudo que vês!
Quero que me conheças
Que veja-me por inteiro
Que saiba tudo de mim
Quem sou eu?!
Meus sentimentos?!
Mas quero agora: ler seus pensamentos, sentir sua pele de novo, e de novo, e de novo
Sentir seu cheiro e seu gosto, te sentir!
Nua pra ti: dos Alpes!